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Mário Féres - O louvor vem do povo.


por *José Márcio Castro Alves

Papel aceita tudo. De cheque sem fundo a dinheiro falso.
"O louvor vem do povo", dizia o Tom Jobim. Não vem das bancas de doutorado que, não raro, dão nota dez com louvor à dissertações medíocres e teses minúsculas.
O músico Mário Feres é um exemplo clássico do artista que é ovacionado por talento e não por ter diploma de músico ou arranjador, o que, aliás, não possui, a não ser o de bacharel em odontologia.
Quem o conhece ou já ouviu a sua musicalidade o aplaude naturalmente, pois é impossível não fazê-lo. Possuidor de uma educação musical requintada e um ouvido absoluto, faz amizade como quem bebe um copo d’água. A sua casa é um viveiro de criação musical e um porto de fãs que se tornaram amigos exatamente por serem amigos do casal Mário Féres e Vânia Lucas, cantora e professora de música.
Sua vinda pra Ribeirão preto foi um caso de amor.
--- Ribeirão veio depois do carnaval de 1993, diz ele. Eu precisava sair de Marília, pois não tinha mais mercado de música por lá. Escolhi Ribeirão porque gostava da cidade; já tinha passado muitas férias com primos por aqui e meu irmão já era médico - residia na cidade havia 13 anos. A Vânia se mudara antes um pouco, e então juntei meus trapos e vim tentar a vida e o amor em Ribeirão. Cá estamos há 18 anos.

Foi em maio de 1995 que liguei pro Paulo Jobim, filho do Tom, e disse:
--- Paulinho. Armei um show aqui em Ribeirão pra você conhecer o único Tom Jobim possível (Tom Jobim havia falecido em 4 de dezembro de 1994).
Dito e feito. Do aeroporto fomos direto pra casa do Mário e Vânia, à época, um apartamento miudinho no Jardim Irajá.
Passaram a tarde juntos e a noite se apresentaram num show memorável.


Depois o Paulo Jobim o apresentou ao Rio de Janeiro e o levou numa excursão à Europa onde tocaram nos melhores teatros do mundo, com casa cheia. Casa cheia porque o atrativo era a música do Tom Jobim, tocada por eles. Se fosse a minha não lotaria nem uma Kombi.
Quando o Paulo Jobim foi fazer o livro Cancioneiro Jobim, a melhor obra sobre as canções do maestro, chamou o Mário Feres pra escrever algumas partituras.
O nome do Mário Feres está no livro Cancioneiro Jobim numa porção de canções importantes em que as partituras haviam sumido. Através de gravações antigas que o Paulo Jobim enviava, o Mário as recuperou e as pôs no papel, escrevendo a melodia e harmonia pra piano.

Outra ocasião o músico e maestro Jaques Morelenbaum o levou para a Alemanha, onde fizeram apresentações com a orquestra sinfônica de Hanoover. Quem ouve o disco se extasia ante a grandeza e a qualidade da música e do piano do Mário.
Esse é o Mário Feres, um amigo de todo mundo, uma pessoa que vai na feira e é cumprimentado por uma porção de anônimos.
Todo mundo gosta do Mario, um músico sem diploma e que é aplaudido naturalmente por qualquer pessoa que venha a ouvir a sua música. E sempre dão nota dez pro Mário, dez com louvor.

*José Márcio Castro Alves é jornalista, mas sem diploma.

O Mário foi o primeiro a comentar. Que saudade da sua candura, tão educado, tão doce com todo mundo...

O Zé Márcio além de grande amigo, é um grande jornalista, escritor, cronista, editor de filmes, conhecedor de história, cinema, as artes todas, do clássico ao contemporâneo e é esse sujeito simples, que exibe seu sotaque curiboca com orgulho e mostra com elogios aos outros e brincadeiras inteligentes o quanto é sábio, companheiro e eterno! sim porque essas pessoas quando entram na vida da gente são eternas, não dá mais pra viver, pensar em amigos e em momentos especiais, sem pensar no Zé!
ps. ele só é formado em Agronomia!

Mário Feres em 30 de janeiro de 2011