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*Miséria intelectual sem fim

Há quase meio século o mercado editorial brasileiro (e em conseqüência os debates) não refletem em nada o movimento das idéias no mundo, mas apenas o apego local a mitos fabricados pela militância esquerdista para seu consumo interno.
(Como as porcarias recomendadas pela Folha Ilustrada: Eu S.A. – onde a Nike mata seus próprios clientes e os trabalhadores são forçados a mudar o sobrenome para o das empresas...)
Sem a menor dificuldade posso listar mais de 500 livros importantes, que suscitaram discussões intensas e estudos sérios nos EUA e na Europa, e que permanecem
totalmente desconhecidos do nosso público, pelo simples fato de que sua leitura arriscaria furar o balão esquerdista e varrer para o lixo do esquecimento inumeráveis prestígios acadêmicos e literários consagrados neste país ao longo das últimas décadas.
Esses livros dividem-se em sete categorias principais:
Obras essenciais de Filosofia e Ciências Humanas que oferecem alternativas à ortodoxia marxista - desconstrucionista - multiculturalista dominante (por exemplo, os livros de Eric Voegelin, Leo Strauss, Xavier Zubiri, Bernard Lonergan, Eugen Rosenstock-Huessy, Thomas Molnar, David Stove, Roger Scruton).
Análises críticas dessa ortodoxia (Hilton Kramer, Roger Kimball, Keith Windschuttle, John M. Ellis, Mary Lefkowitz, Judith Reisman).
Pesquisas históricas sobre a esquerda, baseadas nos documentos dos Arquivos de Moscou e outras fontes recém-abertas (John Lewis Gaddis, John Earl Haynes, Stephen Koch, Harvey Klehr, R. J. Rummel, Christopher Andrew, Herb Romerstein, Ronald Radosh, Arthur Herman).
Sobre o esquerdismo hoje em dia, com a descrição dos laços que unem ao terrorismo e ao narcotráfico a esquerda chique da grande mídia, das fundações bilionárias e dos organismos dirigentes internacionais (Unholy Alliance, de David Horowitz, Countdown to Terror, de Curt Weldon, Treachery, de Bill Gertz, Through the Eyes of the Enemy, de Stanislav Lunev).
Perseguição anti-religiosa no mundo
( The Criminalization of Christianity, de Janet L. Folger, Persecution, de David Limbaugh, Megashift, de James Rutz, Jesus in Beijing, de David Aikman etc.)
Questões políticas em discussão aberta nos EUA, com repercussões mundiais mais que previsíveis (Men in Black, de Mark R. Levin, So Help Me God, de Roy Moore, Deliver Us From Evil, de Sean Hannity,
Liberalism Is a Mental Disorder, de Michael Savage e, evidentemente, todos os livros de Ann Coulter).
Obras essenciais que deram novo impulso ao conservadorismo desde os anos 40 como as de Ludwig von Mises, Marcel de Corte, Willmore Kendall, Russel Kirk, Erik von Kuenhelt-Leddin, William F. Buckley Jr., M. Stanton Evans, Irving Babbit, Paul Elmer More e muitos outros.
Todos esses exemplos são de livros e autores bem conhecidos, amplamente debatidos no Primeiro Mundo. Se o brasileiro ignora todas essas obras, das duas uma: ou ele é tão sábio que pode dispensá-las, ou é tão ignorante que nem sabe que existem. Não é preciso perguntar qual das duas hipóteses é verdadeira.

Qualquer estudante universitário dos EUA afirmará resolutamente que “são autores desconhecidos no meio acadêmico brasileiro, portanto irrelevantes” para quem já encheu seu pé-de-meia cultural com a moeda forte de Eduardo Galeano (ultrapassado há décadas), Rigoberta Menchú (suposta índia, filha de latifundiários desmascarada como charlatã) e Emir Sader (vigarista acadêmico “imparcial” que escrevia no site das FARC) sem contar, é claro, a ração diária de Sartres, Foucaults e Derridas, invariável há cinqüenta anos.

(Irônico: com sua intolerância stalinista, Jean-Paul Sartre vociferava que "todo anti-comunista é um cão" e apoiava os fuzilamentos de opositores em "julgamentos" sumários. Hoje, Sartre é execrado até na França. Sua obra acadêmica está toda enterrada. O julgamento da História foi implacável: a própria intelectualidade francesa o registrou definitivamente como "o cãozinho poodle de Stalin".

Resta ainda o fenômeno da polêmica de mão única. Sua fórmula é a seguinte:
Uma discussão qualquer aparece na mídia americana, conservadores e esquerdistas produzem dezenas de livros a respeito e só a parte esquerdista é publicada no Brasil, sem suas respostas conservadoras, simulando consenso universal em questões que, no mínimo, permanecem em disputa. O establishment cultural brasileiro materializa assim o koan budista de bater palmas com uma mão só.
Isso é a norma, sobretudo, nas polêmicas anticristãs. Uma fajutice barata como O Papa de Hitler, de John Cornwell, teve várias edições e toda a atenção da mídia.
Os muitos livros sérios que desmantelaram a farsa (sobretudo o do judeu rabino David Dalin, The Myth of the Hitler Pope, e o do eminente filósofo Ralph McInnerny, The Defamation of Pius XII) continuam inacessíveis no Brasil e não foram nem mesmo mencionados na mídia nacional. Ninguém sequer noticiou que o próprio Cornwell, surpreendido de calças na mão, retirou muitas das acusações que fizera a Pio XII. No Brasil elas ainda são repetidas como verdades provadas.

Do mesmo modo, os filmes Farenhype 9/11 (www.fahrenhype911.com) e Michael Moore Hates America (www.michaelmoorehatesamerica.com),
respostas devastadoras que desmascararam a empulhação fabricada por Michael Moore em Farenheit 9/11, permanecem desconhecidos do nosso público e não tiveram nem uma nota nos jornais. Resultado: o mais notório charlatão cinematográfico de todos os tempos, que nos EUA tem fama apenas de mentiroso criativo, é citado como fonte respeitável até nas universidades brazucas. É patético.

Também cada nova intrujice anti-americana ou anti-israelense de Noam Chomsky é recebida como mensagem dos céus, mas aqui ninguém pensa em publicar a coletânea The Anti-Chomsky Reader, de Peter Collier e David Horowitz, porque é impossível lê-la sem depois concluir que, antes de ser pop star da esquerda, Chomsky não merecia crédito nem mesmo como lingüista.

Lá fora, Noam Chomsky, Edward Said e Carlos Fuentes são conhecidos como “os 3 Patetas” e cuspidos em público por qualquer um que os conheça a fundo.
Chomsky diz que "a América é uma ditadura", mas continua morando lá em sua mansão; se diz um defensor da liberdade, mas apoiou até o fim a ditadura genocida do Khmer Vermelho, babou o ovo de Pol Pot e negou o genocídio de 25% da população do Camboja nos Campos da Morte. Said era um “historiador” que falsificou a própria biografia: dizia-se um palestino pobre, descobriu-se que era um egípcio burguês, naturalizado americano e educado nas melhores escolas.
Fuentes relinchou a asneira histórica “Bush é pior que Hitler!” já desesperado na campanha eleitoral e esperneou alucinado contra a realização de eleições no Iraque. Esses democratas de araque só são endeusados no Terceiro Mundo)

Como esse estado anormal de privação de alimentos intelectuais essenciais vem se prolongando por mais de uma geração, o resultado aparece não só na desnutrição completa da produção cultural, hoje reduzida a show business e propaganda comunista (Olga, Lamarca, Araguaia, os documentários sobre Lula), mas também nos jovens, cada vez mais alienados e burros, quaisquer que fossem antes seus talentos e aptidões.

*Olavo de Carvalho
Diário do Comércio, 15 de agosto de 2005
(entre parênteses, acréscimos meus)